fbpx

Cultura: um dos caminhos para a retomada da economia

O isolamento social, ainda que diminuído por meio das videoconferências, lives e compartilhamentos em tempo real, nos faz mais solitários. Enquanto a experiência de quarentena se alonga, é compreensível que algumas pessoas tenham imensa dificuldade de adaptação: estão distantes da sua rotina, do seu trabalho, dos amigos, da família.
Antes da quarentena, vivíamos conectados à tantas coisas, pessoas e lugares ao mesmo tempo, que a intensidade das relações , muitas vezes , se tornou volátil e nos fez entrar no piloto automático.
Embora seja contraintuitivo, e oposta à multiconexão, parece que a desconexão física causada pela quarentena também parece deixar as pessoas com essa sensação de apatia e frieza. Mas existe algo que sempre foi capaz de tirar as pessoas desse estado.
Hoje, a saúde é questão fundamental. Médicos e pesquisadores serão imprescindíveis para guiar a população quanto às restrições necessárias, conter o avanço do Covid-19 e também na busca por tratamento e imunização. Também é imediato que medidas econômicas sejam tomadas para manter as empresas ativas e conter a recessão.
Todavia, existe uma parte inerente à condição humana que vai carecer de muita atenção. Nos momentos difíceis, nos momentos de reinvenção e nos momentos de solidão, o Homem se reencontra com a arte.
O solitário, conversa com a música: somente ela é capaz de compreender e expressar seus sentimentos.
O solitário, se vê em um filme: seja no desenrolar de uma trama , que lhe dá esperanças, na construção de um universo lúdico , onde consegue respirar, ou na alienação necessária para seguir em frente.
O solitário, se expressa em um quadro: colocando nas cores a melancolia que não é capaz de expressar com palavras; ou a esperança, alegria que, por ora, aguarda libertação.
Como bem colocado por Nietzsche, “a arte existe para que a realidade não nos destrua”. O homem, como sempre, precisa da arte. E nesse momento crítico, a arte precisa de investimento.
Ainda que a apresentação online da Marília Mendonça, que quebrou o recorde mundial de espectadores simultâneos em uma live no YouTube, atingindo 3,2 milhões de pessoas ao mesmo tempo, mostre a força da cultura como negócio atual, as políticas públicas e investimentos na área apresentam enorme retrocesso no nosso país.
O contexto político, extremamente polarizado, nivelado por debates rasos e muitas vezes ignorante, leva à marginalização de muitas formas de expressão artística e colabora para a diminuição dos investimentos e suspensão de projetos. Mesmo que pesquisas atestem que a economia criativa é um negócio extremamente lucrativo — muitas vezes mais lucrativa do que as economias tradicionais.
Como é um setor que ainda carece de profissionalização , e a produção é feita por amantes (aqueles que trabalham pelo amor ao que fazem), é preciso deixar claro: a necessidade de investimento na cultura desse contexto não é uma questão apenas “da arte pela arte”. É negócio. É desenvolvimento individual, profissional, social e que está diretamente relacionado com o desenvolvimento econômico , direto e indireto.
Confira alguns números e veja como o investimento é benéfico tanto para o setor público como para o privado:
  • – Cada R$ 1 captado e executado via Lei Rouanet, ou seja, R$ 1 de renúncia em imposto, acabou gerando em média R$ 1,59 na economia local. Ou seja, a economia criativa incentivada pela lei gerou, na ponta final, recurso 59% maior em relação à ponta inicial;
  • – Estudo da FGV revela que, contrariando o senso comum de que apenas grandes empresas ou artistas famosos estariam “tirando proveito” da Rouanet, 90% dos recursos da lei, das renúncias fiscais, vai para projetos pequenos, de menos de 100 mil reais. 66,3% destes têm gastos menores que 25 mil reais;
  • – Segundo relatório realizado também pela FGV, o projeto Rio de Janeiro a Janeiro, que visa contribuir para a revitalização econômica do estado por meio do apoio à realização de eventos capazes de atrair investimentos e turistas, gerou um retorno de R$ 13 para cada R$ 1 investido;
  • – O Banco do Brasil conseguiu lucrar com mídia espontânea até 18 vezes o valor que investiu nos patrocínios culturais dos últimos anos.
Além desses dados, são diversas as pesquisas comprovando que o investimento na economia da cultura gera retorno também no turismo, gastronomia, tecnologia, valorização imobiliária, segurança e trazem diversos benefícios, que resultam no aumento da qualidade de vida.
Diz a história que Isaac Newton criou a teoria da gravidade durante quarentena por conta da peste bubônica. O Renascimento, período da história europeia , pós crise do feudalismo, foi um dos momentos de maior evolução artística, criativa e científica da nossa história. Além disso, durante uma recessão econômica, podemos deixar de consumir diversos produtos e serviços, mas nunca na história deixamos de consumir cultura.
É evidente, portanto, que podemos tirar muitos proveitos dessa crise em diversos aspectos. Temos a oportunidade de mostrar que os negócios criativos e a economia da cultura podem ser importantes pilares para o mundo pós Covid-19. Tanto o poder público quanto o setor privado precisam ser pressionados para que não abandonem a manutenção da arte e da economia da cultura. Afinal, ela tem potencial para se tornar uma importantíssima alavanca contra a recessão que está por vir.
A notícia boa é que todos podemos fazer parte disso.
Pesquisando, educando, incentivando, pressionando, consumindo, enaltecendo e também criando.
Vamos juntos?
Aconselho a leitura dessa matéria:
 https://alias.estadao.com.br/noticias/geral,financiar-a-cultura-e-gasto-ou-investimento,70003142006
E deixo também as fontes dos dados citados no texto e mais notícias:
http://pnc.cultura.gov.br/2018/12/11/fgv-apresenta-metodo-para-medir-impacto-economico-cultural/
https://exame.abril.com.br/economia/lei-rouanet-traz-retorno-59-maior-que-valor-financiado-mostra-fgv/
https://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,banco-do-brasil-consegue-lucrar-18-vezes-o-que-investe-em-patrocinios-culturais,1778822
https://oglobo.globo.com/economia/reage-rio-criatividade-revitaliza-cidades-ao-redor-do-mundo-22167869
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/07/flip-gera-retorno-de-r-469-milhoes-diz-estudo-da-fgv.shtml
Revisão e edições de Gabriella Pampillon, Juliana Guberman e Lucas Fernandes.
O isolamento social, ainda que diminuído por meio das videoconferências, lives e compartilhamentos em tempo real, nos faz mais solitários. Enquanto a experiência de quarentena se alonga, é compreensível que algumas pessoas tenham imensa dificuldade de adaptação: estão distantes da sua rotina, do seu trabalho, dos amigos, da família.
Antes da quarentena, vivíamos conectados à tantas coisas, pessoas e lugares ao mesmo tempo, que a intensidade das relações , muitas vezes , se tornou volátil e nos fez entrar no piloto automático.
Embora seja contraintuitivo, e oposta à multiconexão, parece que a desconexão física causada pela quarentena também parece deixar as pessoas com essa sensação de apatia e frieza. Mas existe algo que sempre foi capaz de tirar as pessoas desse estado.
Hoje, a saúde é questão fundamental. Médicos e pesquisadores serão imprescindíveis para guiar a população quanto às restrições necessárias, conter o avanço do Covid-19 e também na busca por tratamento e imunização. Também é imediato que medidas econômicas sejam tomadas para manter as empresas ativas e conter a recessão.
Todavia, existe uma parte inerente à condição humana que vai carecer de muita atenção. Nos momentos difíceis, nos momentos de reinvenção e nos momentos de solidão, o Homem se reencontra com a arte.
O solitário, conversa com a música: somente ela é capaz de compreender e expressar seus sentimentos.
O solitário, se vê em um filme: seja no desenrolar de uma trama , que lhe dá esperanças, na construção de um universo lúdico , onde consegue respirar, ou na alienação necessária para seguir em frente.
O solitário, se expressa em um quadro: colocando nas cores a melancolia que não é capaz de expressar com palavras; ou a esperança, alegria que, por ora, aguarda libertação.
Como bem colocado por Nietzsche, “a arte existe para que a realidade não nos destrua”. O homem, como sempre, precisa da arte. E nesse momento crítico, a arte precisa de investimento.
Ainda que a apresentação online da Marília Mendonça, que quebrou o recorde mundial de espectadores simultâneos em uma live no YouTube, atingindo 3,2 milhões de pessoas ao mesmo tempo, mostre a força da cultura como negócio atual, as políticas públicas e investimentos na área apresentam enorme retrocesso no nosso país.
O contexto político, extremamente polarizado, nivelado por debates rasos e muitas vezes ignorante, leva à marginalização de muitas formas de expressão artística e colabora para a diminuição dos investimentos e suspensão de projetos. Mesmo que pesquisas atestem que a economia criativa é um negócio extremamente lucrativo — muitas vezes mais lucrativa do que as economias tradicionais.
Como é um setor que ainda carece de profissionalização , e a produção é feita por amantes (aqueles que trabalham pelo amor ao que fazem), é preciso deixar claro: a necessidade de investimento na cultura desse contexto não é uma questão apenas “da arte pela arte”. É negócio. É desenvolvimento individual, profissional, social e que está diretamente relacionado com o desenvolvimento econômico , direto e indireto.
Confira alguns números e veja como o investimento é benéfico tanto para o setor público como para o privado:
  • – Cada R$ 1 captado e executado via Lei Rouanet, ou seja, R$ 1 de renúncia em imposto, acabou gerando em média R$ 1,59 na economia local. Ou seja, a economia criativa incentivada pela lei gerou, na ponta final, recurso 59% maior em relação à ponta inicial;
  • – Estudo da FGV revela que, contrariando o senso comum de que apenas grandes empresas ou artistas famosos estariam “tirando proveito” da Rouanet, 90% dos recursos da lei, das renúncias fiscais, vai para projetos pequenos, de menos de 100 mil reais. 66,3% destes têm gastos menores que 25 mil reais;
  • – Segundo relatório realizado também pela FGV, o projeto Rio de Janeiro a Janeiro, que visa contribuir para a revitalização econômica do estado por meio do apoio à realização de eventos capazes de atrair investimentos e turistas, gerou um retorno de R$ 13 para cada R$ 1 investido;
  • – O Banco do Brasil conseguiu lucrar com mídia espontânea até 18 vezes o valor que investiu nos patrocínios culturais dos últimos anos.
Além desses dados, são diversas as pesquisas comprovando que o investimento na economia da cultura gera retorno também no turismo, gastronomia, tecnologia, valorização imobiliária, segurança e trazem diversos benefícios, que resultam no aumento da qualidade de vida.
Diz a história que Isaac Newton criou a teoria da gravidade durante quarentena por conta da peste bubônica. O Renascimento, período da história europeia , pós crise do feudalismo, foi um dos momentos de maior evolução artística, criativa e científica da nossa história. Além disso, durante uma recessão econômica, podemos deixar de consumir diversos produtos e serviços, mas nunca na história deixamos de consumir cultura.
É evidente, portanto, que podemos tirar muitos proveitos dessa crise em diversos aspectos. Temos a oportunidade de mostrar que os negócios criativos e a economia da cultura podem ser importantes pilares para o mundo pós Covid-19. Tanto o poder público quanto o setor privado precisam ser pressionados para que não abandonem a manutenção da arte e da economia da cultura. Afinal, ela tem potencial para se tornar uma importantíssima alavanca contra a recessão que está por vir.
A notícia boa é que todos podemos fazer parte disso.
Pesquisando, educando, incentivando, pressionando, consumindo, enaltecendo e também criando.
Vamos juntos?
Aconselho a leitura dessa matéria:
 https://alias.estadao.com.br/noticias/geral,financiar-a-cultura-e-gasto-ou-investimento,70003142006
E deixo também as fontes dos dados citados no texto e mais notícias:
http://pnc.cultura.gov.br/2018/12/11/fgv-apresenta-metodo-para-medir-impacto-economico-cultural/
https://exame.abril.com.br/economia/lei-rouanet-traz-retorno-59-maior-que-valor-financiado-mostra-fgv/
https://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,banco-do-brasil-consegue-lucrar-18-vezes-o-que-investe-em-patrocinios-culturais,1778822
https://oglobo.globo.com/economia/reage-rio-criatividade-revitaliza-cidades-ao-redor-do-mundo-22167869
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/07/flip-gera-retorno-de-r-469-milhoes-diz-estudo-da-fgv.shtml
Revisão e edições de Gabriella Pampillon, Juliana Guberman e Lucas Fernandes.
Gabriel Lima

Sócio Fundador e CEO da Pivot, agência de publicidade e marketing. Mestre em gestão da Economia Criativa pela ESPM Rio.

mais textos desse autor
Write a comment